Durante a Idade Média, a igreja católica travou uma dura e longa cruzada contra os gatos e seus protetores.
No ano 1232, o papa Gregório IX funda a "Santa" Inquisição, que atuou barbaramente durante seis séculos, torturando e executando, principalmente na fogueira, mais de um milhão de pessoas, essencialmente mulheres, homossexuais, hereges, judeus e muçulmanos, convertidos, médicos, cientistas e intelectuais, e também os gatos.
O papa Gregório IX afirmava na bula "Vox in Roma" que o diabólico gato preto, "cor do mal e da vergonha", havia caído das nuvens para a infelicidade dos homens.
Alguns historiadores afirmam que esta bula papal é o primeiro documento oficial da igreja, que condena o gato preto como uma encarnação de Satanás.
Na bula do gato é tratado como "mestre", o diabo encarnado, meio-homem meio-felino na natureza. O historiador Donald W. Engles afirma que Vox in Roma foi "uma sentença de morte para os gatos, que continuaram a ser abatidos sem misericórdia, até o início do século XIX.
Para acabar com a resistência dos celtas ao catolicismo, a igreja católica pregava que os sacerdotes druidas eram bruxos. Como os druidas vivam isolados e cercados de muitos gatos, a Igreja associava os gatos às trevas, devido a seus hábitos noturnos, e dizia que tinham parte com o demônio, principalmente os de cor preta.
Milhares de pessoas foram obrigadas a confessar, sob tortura, que haviam venerado o demônio em forma de gato preto, e depois, eram condenadas à morte.
A mesma perseguição foi realizada no século XV, contra os povos germânicos do vale do Reno. Mulheres que tinham gatos foram torturadas e queimadas vivas.
Os gatos foram acusados de serem demoníacos, capturados, enforcados, e jogados nas fogueiras da "Santa" Inquisição.
Uma vez acusado de bruxaria, a pessoa podia ser acusada pela responsabilidade de qualquer desgraça natural, como perda de safras, acidentes, doenças e mortes.
No imaginário medieval, o gato preto tornava-se mais uma figura mística, fruto da ignorância, associado ao culto ao demônio. O atual conceito de que "gato preto traz azar" é um reflexo do pensamento ignorante medieval. Algumas lendas contavam que estes gatos tinham a capacidade de se transformar em ratos, morcegos e várias outras criaturas. Assim surgiu a visão ocidental, que até hoje perdura de que os gatos são animais frios e maus.
Em 1484, o papa Inocêncio VIII publica oficialmente uma bula contra os "feiticeiros", acusando de heresia milhares de pessoas, um bom número das quais sendo culpadas apenas por possuírem um gato.
http://frasistaneofito.blogspot.com/2014/12/a-igreja-contra-os-gatos-na-historia.html
Quando os gatos eram deuses…
Hoje, os gatos já superaram os cachorros em popularidade. Eles ganham comida, água fresca, caminhas, móveis, brinquedos e muito amor, quando e onde quiserem. Eles ficam com a melhor parte da cama e temos o maior sentimento de culpa quando nos mexemos à noite e acordamos um deles. Mas, apesar do tratamento de rei, os gatos já foram mais que isso. No Antigo Egito, eles eram deuses.
As Divindades Felinas
Existiam três deusas representadas como felinas na antiga mitologia egípcia: Mafdet, Sekhmet e Bastet. Mafdet, que acredita-se ser a mais antiga das três, era representada com a cabeça de leoa e acreditava-se que ela caçava os injustos e levava seus corações de presente para o Faraó, como um gato que traz presas para seu humano. Sekhmet também era representada com a cabeça de uma leoa, a melhor caçadora que os egípcios conheciam, ela era deusa tanto da guerra quanto da cura.
A mais popular entre as três, entretanto, era Bastet (ou Bast). Representada incialmente com a cabeça de uma leoa, a imagem mais popular se tornou a de uma gata doméstica sentada, ou de uma mulher com cabeça de gata, com ou sem gatinhos ao pé. Era um dos deuses mais populares do Egito Antigo, associada ao lar, mulheres, fertilidade e proteção.
Como Viviam os Gatos
Por serem sagrados para Bastet, os gatos viviam livres pelas cidades egípcias e machucá-los era crime, punível com a morte segundo alguns estudiosos, além de que desencadearia a ira da deusa. Segundo o historiador Heródoto, em ocasiões de incêndio, guardas vigiavam o fogo para garantir que nenhum gato corresse em direção às chamas.
Os gatos ganhavam joias com escritos em hieróglifos e eram considerados membros da família. Quando um gato morria, era mumificado e sepultado, muitas vezes ao lado de provisões para a vida após a morte, como pratinhos de leite e ratinhos mumificados. Além de que sua família passava por um período de luto da mesma forma como passava por parentes humanos.
Por caçarem cobras, roedores e outros animais que ameaçavam a saúde da população e as colheitas, os gatos tiveram um papel importante na sobrevivência e êxito do Antigo Egito – a História possivelmente teria sido muito diferente sem eles. E é aos egípcios que temos que agradecer pelos nossos peludos de hoje: foram eles que domesticaram o Felis silvestris libyca, que foi posteriormente levado ao Império Romano e se transformou no gato doméstico de hoje (saiba mais sobre isso clicando aqui).
A Cidade de Bubastis
Com aumento da popularidade de Bastet, a deusa ganhou um templo na cidade de Bubastis, onde os gatos viviam como deuses e eram cuidados pelos religiosos com dinheiro dos peregrinos. Heródoto conta que o templo de Bastet em Bubastis era o mais belo de todos os templos do Egito e seu festival era o mais elaborado e popular, com visitantes que vinham de longe pelo Nilo para homenagear a deusa e comprar amuletos em forma de gatos.
Ser deus, entretanto, tem seu lado ruim: como a população de gatos do templo não tinha predadores e crescia exponencialmente, algumas ninhadas eram mortas para controle populacional, sendo que os gatinhos eram mumificados e vendidos como relíquias.
A Batalha de Pelusium
Sabendo da importância dos gatos para os egípcios, em 525 A.C., quando Cambyses II marchou para conquistar a cidade de Pelusium, ele reuniu centenas de gatos e soltou-os no campo de batalha à frente de seu exército. Com medo de lutar e machucar os animais, o exército egípcio rendeu-se e entregou a cidade.
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