sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Rios Tigre e Eufrates: Os sumérios




Primeiro povo a ocupar e urbanizar as margens dos rios Tigre e Eufrates, os sumérios formaram uma das mais antigas civilizações da História. Originários do Planalto do Irã, mais ao norte, o povo sumério chegou na região conhecida como “Baixa Mesopotâmia” por volta do quarto milênio a.C., iniciando no local os primeiros grupos populacionais que algum tempo depois formariam as primeiras cidades-estados.
Estas cidades-estados eram lideradas pelas dinastias locais que constantemente perpetuavam-se no poder apoiadas pela burocracia sacerdotal.

Mas o mais importante dos sumérios é o que foi deixado, o legado para os povos posteriores, pois muitas das realizações deste povo estão perpetuadas na História.
O que veremos neste texto é como este povo se desenvolveu em uma região complicada para o assentamento humano, pois as cheias dos rios Tigre e Eufrates costumavam lavar toda a região, dificultando tudo, desde a construção de moradias até as plantações…

Controlando o (até então) incontrolável


Mapa da Suméria (área em amarelo)

É uma certeza histórica que as sociedades mesopotâmicas só se desenvolveram porque conseguiram, em um determinado momento, domar as cheias dos rios Tigre e Eufrates — assim como a sociedade egípcia, que depois de dominar as águas do rio Nilo, também iniciou a construção de uma das maiores civilizações da Antiguidade.


Só que no caso dos sumérios, domar as cheias destes dois rios significava mais do que boas colheitas, pois os rios nesta região costumavam causar um considerável estrago nas regiões próximas.
Explico: o Tigre e o Eufrates eram muito caudalosos, apresentando um volume de água durante as cheias bem maior do que o Nilo, e manter estes rios sob controle garantia também a integridade das construções (casas, templos e espaços públicos).
Além, é claro, de garantir a irrigação dos campos cultiváveis por um período maior do ano, devido a construção de diques e represas, além dos canais para levar a água até localidades distantes das margens dos rios.
Quando dominadas, as águas proporcionavam abundância de alimentos, gerando sobras, acúmulo de produtos e uma maior facilidade para o desenvolvimento de uma sociedade mais sedentária.

Organização social dos sumérios


Ruínas de um zigurate sumério

Algumas das maiores cidades sumérias foram Uruk, Eridu, Lagash, Nippur, Kish, Ur e Umma.
Todas elas, apesar de serem cidades-estados completamente independentes uma das outras, mantinham uma hierarquia social bem semelhante.
Inicialmente os sacerdotes, apoiados pelo “corpo eclesiástico” de cada cidade, governavam o povo e as decisões principais partiam deste grupo sacerdotal. Em determinados momentos, quando uma cidade estava em guerra com outra, um general tomava a frente da administração e ficava responsável pelas principais decisões da cidade-estado.
Gradativamente, com o passar dos séculos, o eixo político responsável pelas principais decisões passou para o patesi, aquela liderança que já ficava responsável pela administração em tempos de guerra. E o patesi passou a atuar apoiado pelos sacerdotes.
Olhando de longe, não parece uma grande diferença, mas se olharmos com mais atenção, veremos que o modelo de administração passou a ser mais centralizado com o patesi, e a passagem do poder se dava por hereditariedade, configurando uma dinastia.
Toda a administração pública estava concentrada em torno dos zigurates, o único grande edifício das cidades, uma espécie de centro político-administrativo-religioso, que em algumas cidades servia até como depósito de grãos.

Inventando a escrita, usando a matemática, fundindo o metal…


Placa cuneiforme

Os sumérios foram os primeiros responsáveis por transformar os sons da fala em símbolos e gravá-los em tábuas de argila.
Pode parecer pouco, mas a escrita cuneiforme facilitou muito a administração pública e o comércio. E os sumérios ainda expandiram o costume para as regiões próximas, difundindo ainda mais a prática. Eles também aproveitaram a escrita para perpetuar suas tradições orais, poemas, cânticos, fábulas e até mesmo as leis das cidades.
Também sabiam fazer um bom uso da matemática em suas grandes obras públicas. Ou vocês acham que construir um zigurate é fácil? Além disto, os extensos canais de irrigação também necessitavam de conhecimento matemático para virar realidade.
Uma outra função do zigurate era de servir como posto de observação das estrelas, afinal era um lugar alto e naquela época, sem a poluição luminosa que temos hoje nas cidades, imaginem como os astrônomos sumérios enxergavam o céu. Não é de se espantar que eles tinham um grande conhecimento astronômico para a época.
Em muitas cidades já havia o uso de carroças e animais para o arado. O uso poderia até ser considerado comum em várias outras sociedades da época, mas na Mesopotâmia ele tomou contornos de larga escala, facilitando ainda mais na expansão das áreas cultiváveis. Além disto os ferreiros já fundiam o cobre e o bronze, auxiliando na criação de armas e outros objetos de uso comum.

Religião suméria


Representação de Nammu

Os sumérios eram politeístas, adorando várias divindades, como An e Nammu, respectivamente deuses pai e mãe do universo.
Inanna era a deusa da guerra e Enlil o deus dos ventos, e existiam vários outros deuses, muitos deles tomavam lugar de destaque dependendo da cidade, que cultuava cada uma um deus principal.
Segundo os sumérios, os deuses expressavam seu “humor” com fenômenos da natureza. Quando estavam zangados com o povo, o castigo era um terremoto ou uma cheia muito forte. Este costume de associar desastres naturais aos deuses manteve muitos sacerdotes ocupados na Antiguidade…

As lutas entre as cidades e o declínio dos sumérios

Não havia paz plena, mesmo entre os sumérios. Como estavam organizados em cidades-estados, era comum uma cidade declarar guerra à outra, seja por causa de território, ou por questões comerciais.
Isto acabava enfraquecendo as cidades, e foi justamente depois de uma guerra entre as cidades de Lagash e Ur que os semitas chegaram na região e iniciaram um processo de conquistas, partindo da cidade de Acad por volta do ano 2350 a.C. e tomando todo o território dos sumérios em alguns anos.
Não houve o “fim” dos sumérios, pois sua cultura e seus costumes continuavam vivos, mas houve uma assimilação de costumes entre os povos, e desta fusão de costumes nasceu o Império Acadiano, que praticamente unificou toda a região da Baixa Mesopotâmia e manteve o controle por alguns séculos.
Mas isso é assunto para outro texto…

Gostou deste texto? Então ajudae ô! Recomende clicando no coraçãozinho aí embaixo à esquerda, ou compartilhe nas redes sociais clicando nos ícones à direita, para que mais pessoas tenham acesso a este texto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário